Midwife ou obstetra

Aqui na Nova Zelândia existem duas opções pra quem está grávida e procura atendimento pré-natal:

1. Midwife
Em português acho que diríamos “parteira”, mas pra mim isso soa como um termo antigo ou alguém lá do meio do mato sem treinamento profissional nenhum, não é o caso das midwives daqui. Elas precisam fazer um curso de 3 anos, mais 1 ano de residência no hospital, bem parecido com um curso de enfermagem, porém específico para cuidar de pré-natal, fazer o parto e um período curto de pós-natal. Tenho uma amiga (kiwi) que recém terminou o curso e está agora fazendo a residência e posso dizer que é bem puxado.
Apesar disso elas não são médicas, obviamente, e não fazem cesariana – que nada mais é do que uma cirurgia – isso quer dizer que a partir do momento que você escolhe ficar com uma midwife você está automaticamente escolhendo ter parto normal.
É supercomum por aqui as mulheres quererem ter parto natural (sem anestesia, analgesia, nada) e em casa, existem midwives que fazem parto em casa e midwives que só fazem no hospital.
O serviço das midwives é parte do sistema público de saúde, ou seja, é pago pelo governo. Além das consultas com elas, tudo que for pedido de exames, custos com hospital, etc., sai totalmente de graça pra cidadãos, residentes e, se não me engano, quem tem visto de trabalho por mais de 2 anos.

2. Obstetra
Quem prefere se consultar com um médico tem também a opção de ser acompanhada e ter o parto feito por um obstetra. Provavelmente também vai ter uma midwife acompanhando, mas é o médico que chega na hora pra fazer o parto em si.
Algumas mulheres se sentem mais seguras com um médico porque caso precisem de – ou prefiram – uma cesárea, já estão com um médico que vem acompanhando a gestação toda.
Ter um obstetra acompanhando a gestação e fazendo o parto custa em torno de 3 a 5 mil dólares, o pacote todo, com um número x de consultas antes e um pouquinho depois.
Quem escolher a midwife e tiver complicações durante a gestação que precisem de acompanhamento médico, será encaminhada para um obstetra, nesse caso também pelo sistema público. Se precisar de uma cesariana de última hora, vai ser o médico plantonista do hospital que vai fazer.

Eu escolhi a midwife. Não tanto pelo custo, que nem achei tão alto assim, mas porque já que resolvi ficar por aqui quero fazer como a maioria das kiwis fazem.
No começo fiquei na dúvida. Na clínica do GP me deram uma lista com uns 20 nomes de midwives pra escolher, cortei mais da metade fora já de cara, as que fazem parto em casa (eu preferia que fosse no hospital) e as que não atendem o bairro que eu moro. Agendei minha consulta em um lugar que foi indicado por uma amiga, também brasileira, que ficou grávida um mês antes de mim e já estava numa fase mais adiantada, a Flávia. Ela me disse que lá não era uma midwife apenas, mas uma equipe de cinco e estava gostando bastante do atendimento delas. Depois descobri que outra amiga, uma samoana queridíssima, a Lagi, teve o filhinho dela, Tauamiti, com essas mesmas midwives.
Resolvi que iria nessa primeira consulta pra primeiro ver como eu me sentia em relação a elas, se me passariam segurança e tal, pra depois decidir se ficaria com elas mesmo ou se procuraria um obstetra.

Minha primeira consulta foi dia 17 de agosto e o Felipe foi comigo, o que foi ótimo. Ela fez mil perguntas, pra mim e pra ele, e eu fiz outras 500, eu inclusive disse que queria saber como seria o parto com elas, porque eu ainda estava na dúvida se deveria procurar um médico ou não, expliquei que no Brasil é diferente, que tudo isso era novo pra mim, eu ainda estava me adaptando.
A Karen, primeira das cinco a me atender, foi extremamente prestativa e paciente, muito mais do que qualquer médico/dentista/enfermeiro que eu tenha conhecido aqui. Ficou uma hora e meia com a gente, respondeu a todas as minhas perguntas e nós saímos de lá decididos a ficar com elas.
Muita gente pode pensar “mas elas não são médicas!”, não são mesmo, mas como a própria Karen disse: “gravidez também não é doença”.

9 comentários em “Midwife ou obstetra

  1. Pablo disse:

    o comentário final é excelente: “gravidez não é doença”. 🙂

    elas tem plena noção que futuras mães são pacientes completamente diferentes. precisam de atenção e paciência extra.

    você deveria fazer um tour pelos “delivery rooms” no hospital. fomos ontem para uma visita (inesperada, mas tá tudo bem) e ficamos impressionados. 🙂

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  2. Du disse:

    Tô contigo e não abro! 🙂 Midwife, no Brasil, fala “doula”. Mas então preferi usar “midwife” no blog!

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  3. Du disse:

    NO lugar de “então”, leia-se “eu também”. Acho que tô ficando doida!!!! 🙂

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    • Cris Campos disse:

      Hahaha coisa de grávida!
      Eu vi mesmo que você citou “doula” no blog, mas achei essa palavra mais antiga e menos usada ainda! 😛

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    • Drielle Fernanda disse:

      Quem acompanha parto no Brasil é Enfermeiras obstetras ou obstetrizes. Doula é outro tipo de atendimento que não está relacionado diretamente aos conhecimentos obstetricos e sim ao subjetivo da mulher. 🙂

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  4. Dani G. disse:

    Cris, tirando poucos paises (Brasil na lista) o comum mesmo é midwife. Todo mundo faz acompanhamento c midwife na maioria dos paises europeus, por exemplo. O G.O. so em casos de gravidez de risco. E, a maioria das mulheres nem pensam em “optar” por cesarea, pois o comum é o parto normal. Acompanhamento com a midwife nao quer dizer que nao possa acabar em cesarea, que se precisar é feito.

    Pra mim o bom das midwives é q elas nos preparam para o parto, nao so fisicamente (treinando exercicios) mas como emocionalmente tb.

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    • Cris Campos disse:

      Oi Dani, sim.. fiquei sabendo mesmo que na Europa midwife é mais comum. Apesar de que essa minha amiga que recém se formou me contou, decepcionada, que muitos países estão começando a mudar e exigindo a presença de um médico também – a Austrália parece que é um deles.

      Aqui “optar” por cesárea é quase uma heresia, os neozelandeses em geral são bem naturebas e já ouvi histórias de mulheres que tiveram cesárea e quando outras mulheres no hospital perguntavam “oh, coitadinha, teve algum problema?” e a resposta era “não, foi minha escolha mesmo”, sofriam bullying FORTE! Apesar disso ainda vejo muitas brasileiras (principalmente) optando sim.
      Particularmente eu acho que acima de qualquer ideologia deve estar o direito de cada um de escolher o que quer pra si. Eu, que já passei por várias cirurgias e sei que ir pra faca não é brincadeira, sempre fui a favor de parto normal. Mas cada um tem seus motivos e acho que eles devem ser respeitados, o importante é que todo mundo fique feliz no final! =)

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